Epifania

Alguma coisa errada no presépio

presepio Seis de janeiro é normalmente o dia em que desmontamos a árvore de Natal, o presépio e todos os enfeites que colocamos no ano anterior. Afinal, estamos começando um novo período no calendário da igreja, o tempo de Epifania. O período começa com a lembrança da vinda dos magos do oriente para ver Jesus.

Mas espere aí! Desmontando o presépio, pode ser que você pare para pensar: “Alguma coisa está confusa aqui. Porque eu vou tirar os magos também, se é justamente agora que comemoramos a sua chegada?”

A aparente confusão existe porque, na verdade, os magos não fazem parte da cena da noite de Natal. Acabaram sendo incorporados ao presépio porque completam, em nosso imaginário, a história em torno do nascimento de Jesus. Mas é bom lembrar que esses viajantes do oriente, quando chegaram a Belém, “entraram na casa e encontraram o menino com Maria, a sua mãe” (Mt 2.11). Maria e José já moravam em uma casa, embora ainda em Belém. Olhando ainda mais o capítulo 2 de Mateus, vemos a horrível ordem dada pelo rei Herodes, de assassinar todos os meninos com até dois anos de idade, o que nos leva a pensar que já havia se passado um bom tempo do nascimento de Jesus.

Tudo bem, os magos não estiveram na cena da noite de Natal. Mas eles, de fato, a completam. A chegada deles é uma evidência de que o recém-nascido não era somente rei de um povo, mas de todos os povos. A vinda desses estudiosos de estrelas e de profecias mostra que a luz de Deus em Cristo brilha para todos os povos. É esse também o sentido da palavra Epifania: uma grande luz brilha sobre nós.

Colocando ou não os magos no presépio, a história de sua vinda de tão longe até Jesus deve ser sempre lembrada, pois está na Escritura como marca do amor de Deus para todos as tribos, povos, línguas, raças e nações. Não sabemos o nome daqueles viajantes (Baltazar, Melquior e Gaspar são fruto de tradições bem posteriores). Também não sabemos se vieram da Pérsia, da Índia, ou de algum outro lugar. Nem mesmo sabemos se eram três, mas apenas que trouxeram três tipos de presentes: ouro, incenso e mirra. Mas sabemos que a tradição de dar presentes no Natal deve muito a essa atitude que eles tiveram ao visitar o Rei dos Reis.

Recentemente li que há lugares onde se tem o costume de dar presentes não na noite de Natal, mas no dia seis de janeiro, lembrando os presentes trazidos pelos magos ao menino Jesus. Às vezes os pais se vestem de magos para dar presentes aos seus filhos. Fico pensando se essa não seria uma forma de fortalecer a ligação entre os presentes que damos a nossos filhos e parentes e a verdadeira história do Natal. Os presentes poderiam chegar pelas mãos de viajantes que realmente existiram e mostraram sua fé, e não nas sacolas de personagens fictícios usados para aumentar as vendas de fim de ano.

Uma sugestão: quem sabe ao desmontar o seu presépio, você deixe ali, por um tempo ainda, a figura dos magos, como lembrança da luz que brilha e que nos conduz, nessa Epifania e em toda a jornada desta vida: Jesus Cristo, luz de todos os povos!

“O povo que andava na escuridão viu uma forte luz; a luz brilhou sobre os que viviam nas trevas.” (Is 9.2)

Pr. Herivelton Regiani

Comunidade Evangélica Luterana Paz

Rio de Janeiro - RJ

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